Primeiro painel debate conceitos de pobreza, formas de mensurá-la e define como seria uma sociedade de prosperidade compartilhada

Brasília, 18 de novembro de 2014 – Oportunidades de escolha para todas as pessoas, liberdade para exercê-las, mais segurança e direitos humanos assegurados caracterizam os que especialistas definem como um mundo sem pobreza. O conceito foi debatido no painel “O que significa um Mundo Sem Pobreza”, do I Seminário Internacional WWP, que teve início nesta terça-feira, em Brasília.

Painel “O que significa um Mundo Sem Pobreza”, do I Seminário Internacional WWP. Foto: IPC-IG/Divulgação

Mediada pela diretora do Banco Mundial para o Brasil, Deborah Wetzel, a primeira sessão traçou um histórico dos diferentes conceitos de pobreza e formas de medi-la.  Para dar início ao debate, o professor James Foster, PhD em Economia pela Universidade de Cornell, traçou um panorama desta evolução. “Em muitos casos, usa-se o índice de linha da pobreza para definir quem é pobre, sendo assim classificados os que vivem abaixo deste limite”, explicou Foster. “Porém, atualmente, mais de cem países adotam índices multidimensionais para medir a pobreza, que levam em conta não apenas renda e consumo, mas também aspectos como nível de educação, saúde, água e saneamento”.

Professor da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, o especialista Murray Leibbrandt compartilhou a experiência de seu país no combate à pobreza. “A África do Sul é um país de renda média, o que por si só já torna a experiência interessante”, disse. “ Com a democracia instaurada no país em 1994, não precisamos da pressão internacional para lutar contra a pobreza. Para nós a questão não envolvia apenas renda, mas diversos fatores que perpetuavam a desigualdade. Por isso, levamos em conta aspectos da saúde e da educação.  Não  estabelecemos uma linha da pobreza”.

O diretor do Escritório Responsável pelo Relatório do Desenvolvimento Humano do Programa de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (PNUD), Selim Jahan, fez coro com Leibbrandt ao defender um índice multidimensional para medir a pobreza. “Ter uma população vivendo acima da linha da pobreza não significaria seu fim, pois esse índice é baseado apenas em renda e consumo”, explicou o especialista. “O mundo sem pobreza, na verdade, significa um aumento de oportunidades para todos”.

Os participantes defenderam ainda uma metodologia que preze pela avaliação qualitativa dos vários fatores que determinam a pobreza. ‘A desigualdade tem um impacto não apenas econômico, mas também social e político. E muitas vezes é vista como uma injustiça social. Por isso ainda há muitas questões para nos engajarmos “, concluiu Jahan.

Durante à tarde, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à pobreza, Tereza Campello, participou do painel “A Experiência Brasileira na Superação da Extrema Pobreza”.  Mediada por representante do PNUD no Brasil, Jorge Chediek, a mesa teve participação da Gestora Interina de Práticas de Proteção Social e Trabalho para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial, Margaret Grosh; a professora da Universidade de Tulane, Nora Lustig; o professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Emir Sader

O evento se encerra nesta quarta-feira. Na parte da manhã, o vice-presidente sênior e economista-chefe do Banco Mundial, Kaushik Basu, abre o evento com o painel “Um mundo sem Pobreza é Possível?” Participarão ainda Magdy Martinez-Solimán, diretor do Escritório de Apoio e Políticas e Programs (BPPS) do PNUD; Sergei Soares, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA); e Tiago Falcão, do Ministério de Desenvolvimento e Combate à Pobreza.

A programação completa está disponível no link: http://mundosempobreza.mds.gov.br/