No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, o WWP apresenta os avanços nas estimativas mais recentes em novo relatório do Banco Mundial

Residentes da favela Sujat Nagar, em Dhaka, Bangladesh: extrema pobreza atinge uma de cada dez pessoas no mundo, mostra relatório do Banco Mundial. Foto: Dominic Chavez/World Bank
Brasília, 17 de outubro de 2016 – Em todo o mundo, estimadas 767 milhões de pessoas vivem na extrema pobreza. São uma em cada dez pessoas sobrevivendo com menos de 1,90 dólares por dia, considerando a paridade do poder de compra da moeda em 2011. O número pode parecer alto, mas é 1.1 bilhão menor que em 1990, quando uma em cada três pessoas vivia na mesma situação. Essas são as mais recentes estimativas sobre pobreza e crescimento do relatório “Taking on Inequality”, lançado este mês pelo Banco Mundial e que a Iniciativa Brasileira de Aprendizagem por um Mundo sem Pobreza (World without Poverty, WWP) detalha no Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.
Apenas entre 2012 e 2013, 114 milhões de pessoas superaram a extrema pobreza, o equivalente a 250 mil por dia. Os cálculos do Banco Mundial só alcançam 2013 por se tratar do último ano em que é possível reunir e estimar informações para os países.
Uma análise desde a década de 90 mostra uma redução apesar da crise na economia mundial que se seguiu à 2008 (veja tabela abaixo).
Ano | Número de pessoas em extrema pobreza (em milhões) | % da população mundial |
---|---|---|
1990 | 1.850 | 35 |
1993 | 1.855 | 33,5 |
1996 | 1.666 | 28,8 |
1999 | 1.693 | 28,1 |
2002 | 1.588 | 25,3 |
2005 | 1.328 | 20,4 |
2008 | 1.206 | 17,8 |
2010 | 1.078 | 15,6 |
2011 | 946 | 13,5 |
2012 | 881 | 12,4 |
2013 | 767 | 10,7 |
Essas pessoas não estão distribuídas igualmente pelo globo. Sozinha, a África subsaariana concentra mais que todo o restante do planeta, com 388 milhões de habitantes em extrema pobreza – que atinge quatro de cada dez pessoas.
Na América Latina e Caribe, são ainda 33,6 milhões de pessoas na mesma situação. Abaixo, é possível ver as diferenças entre as regiões.
Região | % de pessoas vivendo na extrema pobreza | Número total (em milhões) |
---|---|---|
Leste Asiático e Pacífico | 3,5 | 71 |
Europa do Leste e Ásia Central | 2,3 | 10,8 |
América Latina e Caribe | 5,4 | 33,6 |
Oriente Médio e Norte da África | – | – |
Sul da Ásia | 15,1 | 256,2 |
África subsaariana | 41 | 388,7 |
MUNDO | 10,7 | 766,6 |
Em geral, aponta o relatório, os pobres de todo o mundo vivem em área rurais (80%), têm menos de 14 anos (44%), não têm educação formal (39%) e são empregados na agricultura (65%).
Realidade semelhante pode ser conferida no Brasil, onde as áreas rurais apresentam a maior prevalência de miséria, como atesta a publicação “O perfil da pobreza: Norte e Nordeste Rurais”, do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG).
O Brasil, aliás, aparece no relatório do Banco Mundial como um dos países estudados em detalhes devido à diminuição da desigualdade nos últimos anos, atenção dada também ao Camboja, ao Mali, Peru e Tanzânia.
Com 26,5 milhões de brasileiros superando a extrema pobreza entre 2004 e 2014, a proporção de pessoas que viviam com menos de US$1.90 por dia caiu de 11% para 3,7% no período.
“As dinâmicas do mercado de trabalho – incluindo o aumento salarial para os trabalhadores menos qualificados, a maior formalização e um salário mínimo crescente – e a expansão das políticas sociais ajudaram a impulsionar os rendimentos dos pobres. Estes dois fatores foram responsáveis por aproximadamente 80% do declínio da desigualdade entre 2003 e 2013”, afirma trecho do documento.
O governo brasileiro adota hoje a renda per capita de R$ 85 por mês para estabelecer o patamar da extrema pobreza. Com esta linha, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) atestou que a extrema pobreza no país chegou a 2.7% em 2014. À época, o valor considerado ainda era de R$ 77 por mês e por pessoa, anterior ao reajuste do Bolsa Família ocorrido este ano. (Confira o artigo “Desigualdade e Pobreza”, na Nota Técnica 22 do Instituto).
Conheça mais sobre a Iniciativa Brasileira de Aprendizagem por um Mundo sem Pobreza (WWP)
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Marco Prates, WWP