Atuação integrada e colaborativa entre as áreas de formação é vital para a sustentabilidade e o sucesso das políticas de desenvolvimento

Brasília, 11 de novembro de 2016 – A revista científica The Lancet, referência na área da saúde desde o século XIX, lançou no Brasil a série The Lancet – Avanços no desenvolvimento infantil: da ciência a programas em larga escala na quarta-feira (9), na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), na capital do país, Brasília.

Baseando-se nas descobertas e recomendações das edições de 2007 e 2011, a publicação deste ano propõe caminhos para a implementação em escala do desenvolvimento da primeira infância. Pesquisadores de diferentes áreas chamam a atenção para a importância do cuidado integral e integrado desde a concepção até os três primeiros anos, fase da vida em que o indivíduo responde mais rapidamente a intervenções. A ausência do cuidado nesta faixa etária pode resultar em baixos níveis educacionais e doenças crônicas entre outros atrasos no desenvolvimento ao longo da vida.

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Sergio Amaral/MDS

Coordenador das pesquisas, o professor da Universidade de Stanford (EUA) Gary Darmstadt afirmou que políticas intersetoriais são essenciais para guiar ações voltadas ao desenvolvimento infantil. “Ter um programa que ajude a colocar todos esses recursos juntos e que desenvolva uma boa coordenação é fator essencial para o sucesso”, ressaltou.

No Brasil, o Programa Criança Feliz pretende agir de forma integrada a áreas como assistência social, educação, saúde, cultura e justiça a fim de promover o desenvolvimento integral de cerca de 4 milhões de crianças que fazem parte do Programa Bolsa Família (PBF).

O Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), gestor do Criança Feliz, planeja realizar visitas domiciliares para orientar as famílias quanto à melhor maneira de estimular o desenvolvimento das crianças.

A pesquisa realizada para a publicação identificou que 43% das crianças (quase 250 milhões) menores de cinco anos em países com baixa e média renda correm alto risco em seu desenvolvimento devido principalmente à fome, desnutrição e violência. O acesso a políticas públicas de qualidade é o caminho para que as famílias consigam reverter esse quadro.

A série mostra ainda que programas de transferência de renda trazem grandes ganhos às crianças das famílias beneficiadas. No Brasil, o PBF atende 13,9 milhões de famílias extremamente pobres (renda per capita mensal de até R$ 85,00) e pobres (renda per capita mensal entre R$ 85,01 e R$ 170,00), que cumprem compromissos de saúde e educação.

“Em famílias nas quais a pobreza é uma questão, transferência de renda pode ajudar a prover recursos para acessar serviços para seus filhos. Temos boas evidências de que o Bolsa Família pode ajudar nesse cuidado”, explicou o professor Gary Darmstadt.

O lançamento do The Lancet no Brasil é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e Banco Mundial, em parceria com Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e MDSA.

A publicação, já disponibilizada em inglês, será lançada também em português. Acesse a publicação “The Lancet’s new Series, Advancing Early Childhood Development: from Science to Scale”.