Para especialistas, objetivo é garantir que as pessoas tenham uma vida saudável e inclusiva
Brasília, 20 – O crescimento das economias não resolverá o problema da pobreza no mundo e a agenda de desenvolvimento não pode se resumir à melhoria de renda da população. Esses foram pontos pacíficos no debate desta manhã (19), no I Seminário Internacional WWP – Um Mundo sem Pobreza, em Brasília.
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Kaushik Basu, vice-presidente sênior e economista-chefe do Banco Mundial, observou que não se discute zerar a miséria no mundo. A meta do Banco Mundial para 2030 é reduzir a extrema pobreza a 3% da população. São consideradas extremamente pobres pessoas com renda de US$ 1,25 por dia, pela paridade do poder de compra, o mesmo valor que orientou a fixação da linha da extrema pobreza no Brasil, atualmente em R$ 77 mensais.
Basu concordou que o valor é pequeno, mas destacou que, anda assim, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo ainda vivem abaixo dessa linha. A maior parte delas, em regiões da África e da Ásia.
Outra meta do Banco Mundial é melhorar a renda da parcela dos 40% mais pobre da população, o que iria impor um desafio mesmo aos países que não têm grandes contingentes de miseráveis. Ao falar sobre soluções possíveis para a pobreza no mundo, Basu insistiu em que o crescimento econômico, por si só, não resolverá o problema. O economista defendeu a transferência de renda aos mais pobres por meio da política fiscal, que cobrasse mais impostos dos mais ricos.
O diretor do Escritório de Apoio a Políticas e Programas (BPPS) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Magdy Martines-Solimán, defendeu que a agenda de desenvolvimento para depois de 2015 não pode se resumir ao problema da renda nem tirar as pessoas da extrema pobreza. Ele participa do debate mundial sobre a definição dos Novos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que irão substituir os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio.
“Precisamos sair da pobreza ligada à renda. Muitas coisas faltam além da renda. Precisamos assegurar os desejos das pessoas, dar acesso à informação, ao conhecimento, à saúde, à segurança, à cultura e à liberdade. O objetivo do desenvolvimento é garantir que as pessoas tenham uma vida saudável e inclusiva”, disse Magdy, que acredita que o mundo alcançará o fim da pobreza em 2030 e sugere que os países se inspirem no Bolsa Família para esta luta.
Envolvido com as ações das Nações Unidas em relação ao ebola e preocupado com os efeitos do aquecimento global e da degradação ambiental do planeta, Magdy apresentou um cenário de recrudescimento da extrema pobreza no mundo. “É um pesadelo”, disse ele, ao destacar que espera que a atual geração consiga por fim a isso.
Sergei Soares, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), propôs que uma das saídas para a extrema pobreza no mundo poderia ser o lançamento de um programa Bolsa Família global, com financiamento dos países mais desenvolvidos. A administração do programa, admitiu ele, não seria “trivial”.
No Brasil, Soares disse que, superada a extrema pobreza – o que deverá ser verificado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2014, a ser divulgada em setembro de 2015 – o país poderia pensar em aumentar a linha da extrema pobreza para US$ 2 diários. Ele lembrou a dificuldade enfrentada pelo governo em 2011 para definir uma linha e disse que seria muito difícil estabelecer metas que levassem em conta simultaneamente várias dimensões da pobreza.
“A abordagem que tivemos no Bolsa Família é correta. Deixamos claro que, quando definimos um pobre, o definimos por renda. Depois promovemos uma séria de ações complementares para atingir essa população”, ressaltou. O presidente do Ipea ainda apontou o baixo custo da ação – 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
O I Seminário Internacional WWP – Um Mundo sem Pobreza é promovido pela Iniciativa Brasileira de Aprendizagem por um Mundo sem Pobreza (www.wwp.org.br). O Banco Mundial, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) e o Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) são parceiros nesta ação. O seminário conta também com o apoio do Centro RIO+.
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